DECLARAÇÃO DE PAZ
E enfim voltei,
Já me encontrei;
De novo achei
A paz em riste.
A mente insana
Que o corpo dana
E a fé profana,
Não mais existe.
A dor que apura,
O mal que dura,
A noite escura,
Tudo isso passa.
E a gente sente
O bem latente
Do dia quente
Sorrir com graça.
A paz é incerta
E a morte certa?
Não sinto alerta,
Pois já sei bem
Que a cal nos cobre,
Ao rico e ao pobre,
Ao vil e ao nobre,
Com igual desdém.
Não vingo nada,
Nem faço orada
De raiva irada
Nesta minha alma.
Só quero a vida,
A paz florida,
Boa acolhida
E a vida em calma.
A LEI DA VIDA!
Então. . . você se aborrece com tudo
E tenta achar no fim do túnel a luz;
E se isola do sol, do amor, da cruz,
E deixa um rastro cego, surdo e mudo!
Então. . . você se envolve em novo escudo
De sonhos e ilusões brancas, azuis;
E abre e fecha o tempo e reproduz
No espaço a busca de um viver polpudo!
Então. . . você se vira contra o mundo
E num gesto de desprezo profundo
Diz adeus ao passado e à despedida;
Avança o corpo, avança a alma e vai
Pra frente, pra cima. . . então você cai!
Você cai porque quer andar. . . é á Vida!
COISAS QUE UM GESTO DIZ
Pra que falar de amor, se está tão claro,
Se é tão patente que transpiro amor?
Pra que gastar um dialeto tão caro
No que meus olhos dizem com fervor?
Pra que brincar com termos tão banais,
Que não traduzem a flor da paixão
Que envolve e suplanta as cordas vocais
E sai como um grito do coração?
Pra que esgotar palavras num assunto
Que é tão puro, que revela um conjunto
De sensações lindas, maravilhosas?
Pra que jurar que amo, que não minto,
Se posso demonstrar tudo que sinto
Te ofertando simples botões de rosas?!...
RESSURREIÇÃO
Vivi por viver, sem pensar em tudo,
Coração quebrado em peito fendido,
Meu amor partido, sumido, ido,
Surdo à razão, calado, cego, mudo.
Sonhos sem esperança em mente criança,
Sem amar, sem amor, triste, apagado,
Encerrado em mim, à dor algemado,
Prisioneiro das trevas da lembrança.
Livrei-me da minha imagem de espelho,
Desci pelas espirais do vazio,
Beijei e abracei novo solo frio,
Me auto-destruí, neguei o aparelho.
Mergulhei no nada e tudo se tornou
VERMELHO!.
E vi então o som das flores belas,
Inalei as cores dos luzidios
Pingos de orvalho, caídos nos rios:
Lágrimas de alegria das estrelas.
E ouvi a maciez das borboletas,
Com suas asas brancas a desenhar
Harmoniosas mensagens no ar,
Provei o suave odor das cançonetas.
Senti o tato morno do Astro-Rei,
A indicar-me a rota do futuro,
E a música, e a paz, e o poema puro,
Me ergueram do nada e então. . . AMEI!
Flutuei na essência e tudo se tornou AZUL!. . .
TODOS AMAM AS CORES
Muitos gostam do vermelho, a cor da vida;
Da chama ardente, que corações balança.
Muitos gostam da cor verde da esperança;
Da ramagem donde brota a flor querida.
Muitos escolhem o azul do céu sereno,
Que refresca os olhos e acalenta as almas.
Muitos preferem o branco das nuvens calmas;
Da paz tão rogada no globo terreno.
Preferências variam, pelas mil cores,
Revelando os mais diferentes valores
De tons, que reflete o arco-íris composto.
Só uma questão se faz no mundo aquarela:
- Afinal. . . o que seria do amarelo,
Se todo indivíduo tivesse bom gosto?!
SURPRESA!
Na escura nublagem de um dia frio
Minha alma vagava buscando um ponto
Que fosse de apoio, a causar encontro
Entre o bem e o mal, o cheio e o vazio.
Me aproximei de ti, te roguei paz!
Mandaste-me esperar — Vinhas depois!
Aguardei pensando: -- Existirão dois?
Ou pode haver perfídia mais mordaz?!
Mas, porém, não! Não foi o que eu pensava!
Pensando em só reter de ti espinhos,
Incrivelmente só colhi carinhos!
Me aproximei de ti, meu peito arfava!
Meu ser se fez humano dentro em ti,
E me entendi, fui eu, me renasci!